O estudante Manuel José Nunes Neto, de 17 anos, vai representar o Brasil no Prêmio Nobel da Ciência Jovem na Suécia em agosto desse ano com o projeto “Rover aquático autônomo para monitoramento da qualidade da água: uma ferramenta portátil de baixo custo”.
O projeto de Emanoel é o rover aquático, que avalia questões como o PH, temperatura, turbidez e oxigenação da água, oferecendo dados importantes para que, por exemplo, órgãos públicos possam elaborar políticas que sejam fundamentais para manter o controle e a qualidade da água.
A ideia surgiu após o estudante ficar sabendo da situação crítica vivenciada pelas populações ribeirinhas no norte do Brasil.
Nas palavras do próprio Emanoel:
"É um barco que ele vê se a água está ruim ou não. Eu tive essas ideias quando eu vi a reportagem no g1 e Fantástico, que falavam principalmente sobre as tribos Yanomami, que sofrem muito por conta da contaminação de Mercúrio. Aí eu pensei: porque não tem um equipamento que fica 24 horas em um rio para ver se esses trechos estão poluídos ou não?", explicou Manoel.
Com 9,6 milhões de hectares, a Terra Yanomami é considerada o maior território indígena do Brasil em extensão territorial e enfrenta uma crise sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa. O território é alvo do garimpo ilegal há décadas, atividade que destrói o meio ambiente, causa violência, conflitos armados e poluição dos rios devido ao uso do mercúrio.
O estudante foi ao Parque da Cidadania, no centro de Teresina, para demonstrar como o objeto funciona (vídeo acima).
O protótipo foi selecionado para representar o país no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2024 (Stockholm Junior Water Prize – SJWP), o Nobel da Ciência Jovem, na Suécia, que acontece em agosto. Ele vai concorrer com estudantes de outros 40 países.
A competição vai ser online, através de uma votação pública. Por isso, o estudante iniciou uma campanha em sua rede social para conseguir votos. Se depender da mãe do rapaz, o prêmio já está garantido:
"Eu não consigo explicar o que eu estou sentindo. Quando sair o link da votação, que a gente vote, vote muito, porque são muitos votos, no mínimo 56.000 votos. Lá são 41 países que vão concorrer. O vencedor vai ser aquele que tiver mais votos e o país que mais engajar nesse prêmio", falou orgulhosa Francinalda Sousa, mãe do Manuel.
Indígenas de nove comunidades da Terra Indígena Yanomami têm alto nível de contaminação por mercúrio, alerta um novo estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Socioambiental (ISA). A pesquisa, divulgada em abril, aponta que 94% dos indígenas que participaram da pesquisa estão contaminados pelo metal pesado.
O estudo coletou amostras de cabelo de 287 indígenas do subgrupo Ninam, do povo Yanomami, e revelou que os indígenas que vivem em aldeias mais próximas aos garimpos ilegais têm os maiores níveis de exposição ao mercúrio.
As comunidades que participaram da pesquisa ficam às margens do Rio Mucajaí, um dos mais impactados pelo garimpo ilegal na Terra Yanomami. Localizado no Amazonas e em Roraima, o território abriga 31 mil indígenas, que vivem em 370 comunidades.